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A Campina de Faro faz parte da planície litoral do Algarve, com uma ocupação humana antiga e continuada. Situada sobre um aquífero e com solos férteis é, ainda, apesar da pressão urbano-turística, um testemunho vivo da interdependência histórica entre as cidades e o espaço de produção de alimentos (hortas, pomares) assente no sistema de rega tradicional (noras, aquedutos, tanques, levadas), atualmente em processo de abandono. Este património hidráulico e as antigas quintas encontram-se em processo de degradação, face aos novos métodos de rega e à forte pressão imobiliária na periferia das cidades. A vocação agrícola deste território e a sua proximidade com o Parque Natural da Ria Formosa, por um lado, e com os espaços urbanos residenciais-turísticos, por outro, conferem-lhe uma grande importância enquanto bacia alimentar associada ao desenvolvimento urbano e ao turismo cultural de base comunitária, quer como fornecedor de produtos agrícolas (legumes, vegetais, hortaliças, frutos), quer como destino turístico alternativo ao sol e praia (agroturismo, turismo rural, turismo cultural).
O piloto português mapeou e fez o levantamento de um conjunto significativo de noras, aquedutos, tanques e levadas, e desenvolveu alguns projetos de recuperação deste património hidráulico. Este trabalho participativo contribui para a revitalização dos sistemas históricos de regadio e das práticas e técnicas tradicionais de cultivo. E tem um papel fundamental para a preservação da memória da paisagem e para a (re)ativação da identidade coletiva. As rotas culturais propostas sobre o património hidroagrícola, ligadas a pequenos mercados para a venda de legumes e frutas nas aldeias e a restaurantes de comida tradicional (dieta mediterrânica), representam uma atração para os visitantes, com um impacto direto na economia local.
As comunidades hortofrutícolas locais e as pequenas associações de produtores biológicos que utilizam práticas tradicionais no uso e gestão da água para o regadio e no cultivo agrícola, foram o alvo das atividades do piloto. Foi adotada uma abordagem participativa-colaborativa para desencadear um processo em que estas comunidades se tornam protagonistas da produção e comercialização dos bens que cultivam, bem como da promoção e gestão de rotas temáticas sobre o património da água (estruturas de captação e elevação, armazenamento e distribuição), agricultura biológica (produção, transformação e comercialização nos mercados locais ao ar livre). Neste novo cenário, os produtores locais têm controlo e autonomia desde a produção até à comercialização e consumo através de circuitos de proximidade, e poderão orientar visitas ao património da água no âmbito de rotas culturais relacionadas com o agroturismo. Este novo segmento turístico, em alternativa ao estabelecido (sol, praia e golfe), é um importante contributo para combater a sazonalidade, proporcionando novas e diferentes experiências aos visitantes, cuja experiência de imersão na cultura rural local é certamente marcante.
Coordenador do projeto-piloto: Universidade do Algarve; parceiro associado: Associação IN LOCO desenvolvimento e cidadania.